7.08.19
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA-H) tem sido um assunto cada vez mais discutido nas escolas, jornais e entre as famílias brasileiras. Você conhece esse tema?
Você sabia que o Brasil é o segundo colocado no ranking mundial de consumo de Ritalina? Esse medicamento é utilizado no tratamento da maioria das pessoas diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA-H).
Pesquisas recentes mostram um crescimento alarmante no número de crianças diagnosticadas com TDA-H. Mas essa é uma questão polêmica, pois acredita-se que esse aumento se deve a diagnósticos feitos de forma equivocada, o que pode ser um problemão na vida das crianças, pois eles conduzem para intervenções inadequadas que podem ter inúmeros “efeitos colaterais”.
A procura por atendimento clínico devido à hipótese diagnóstica de TDA-H aumenta nesse período do ano. É nesse momento que muitos pais saem das primeiras reuniões escolares com preocupações relacionadas à falta de atenção que pode estar influenciando no baixo desempenho escolar.
Com esse texto, pretendo trazer algumas reflexões importantes sobre a temática do TDA-H e, para isso, vou separar o conteúdo em dois momentos: o diagnóstico e o processo de intervenção.
O diagnóstico do TDA-H deve ser realizado a partir de uma extensa investigação clínica por profissionais capacitados, que podem ser de diversas especialidades, como médico neurologista, psiquiatra, psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo. Esses profissionais costumam colaborar uns com os outros com informações técnicas referentes à cada especialidade.
A partir dessa investigação clínica, nós, profissionais, buscamos informações sobre a história de vida, de desenvolvimento e da trajetória escolar envolvendo as questões de aprendizagem e desatenção da criança. O contato com a escola nesse momento é fundamental! Ela e os professores que acompanham mais de perto a rotina da criança são fundamentais tanto no sentido de contribuir com informações, quanto para posterior intervenção.
No âmbito do processo de avaliação psicológica, existem inúmeros instrumentos que possuem uma relevância científica e podem colaborar para o diagnóstico. Mas o mais importante é a entrevista detalhada com a família, com a escola e as sessões com a criança. O número de sessões que compõem a avaliação psicológica varia de acordo com cada profissional, mas em geral são de 4 a 9 sessões.
Após um processo detalhado de investigação e um possível diagnóstico, pode-se planejar as intervenções de acordo com as especificidades de cada criança. Cada uma necessita de um tratamento elaborado individualmente. Isso é possível após um bom processo de avaliação que nos guiará no sentido de compreender quais intervenções determinada criança terá mais chance de responder. Como mencionei anteriormente, o período de avaliação pode ser um pouco longo. Enquanto isso, não devemos ficar de braços cruzados, ok?
Podemos intervir sobre os comportamentos que estão sendo responsáveis pelas dificuldades apresentadas. Mesmo quando temos um diagnóstico fechado, a intervenção não costuma ser muito diferente disso, pois um diagnóstico sempre é composto de uma classe de comportamentos e são os comportamentos que precisaremos modificar.
Aqui, estou falando de transformar o ambiente de estudo para que ele seja aproveitado da melhor forma. Fazer adaptações na sala de aula visando um maior interesse do aluno, proporcionar atividades mais “ativas” que “passivas” para tentar mais engajamento e tantos outros exemplos que podem ajudar na melhora de quadros característicos de TDA-H.
Perceberam que alguns dos exemplos têm direta aplicação do ambiente de sala de aula? Pois bem, isso se deve porque as queixas, na maioria das vezes, partem da escola e acabam refletindo principalmente nos resultados escolares. Então, quando conseguimos fazer as intervenções também no ambiente escolar, nossos ganhos costumam ser muito maiores!
Como medicação não compete à minha área, ela não será tratada de forma abrangente. Contudo, é válido dizer que ela não possui um efeito curativo. Isso quer dizer que quando se interrompe o uso, os sintomas voltam a aparecer como apareciam antes do início do uso.
Então, é muito importante que um processo de psicoterapia esteja ocorrendo junto com a intervenção medicamentosa, pois é na psicoterapia que as crianças vão aprender a lidar com as dificuldades decorrentes do TDA-H e, posteriormente, suspender o uso do medicamento.
O diagnóstico de TDA-H é um assunto muito sério e que merece uma atenção especial! Não deixe de procurar ajuda especializada caso tenha alguma suspeita. Quanto à intervenção, quando feita por profissionais capacitados e com o apoio da escola, os resultados tendem a ser muito bons e a criança pode ter uma ótima qualidade de vida!
Beijinhos