31.10.19
O medo é um sentimento comum e natural. Veja como ensinar os pequenos a enfrentá-lo.
Muitos períodos da nossa vida são marcados por alguns medos específicos. Na infância, eles parecem muito mais amedrontadores e alguns podem atrapalhar de forma significativa a vida dos pequenos. É muito importante que os pais compreendam a influência de determinado medo para a criança e a ajude a lidar com esse sentimento da melhor forma.
Antes de falar mais sobre como ajudá-los, precisamos entender que o sentimento de medo está presente entre todos nós, e que ele é muito importante porque serve pra nos proteger de situações de risco. Portanto, medo é um sentimento comum, como qualquer outro, e nosso objetivo não deve ser deixar de sentir medo – da mesma forma, não devemos buscar isso para nossos filhos.
No decorrer do seu desenvolvimento, as crianças vão experienciando situações diferentes das que viveram até então. Muitas dessas experiências, por nunca terem sido vividas antes, acabam sendo amedrontadoras, e esse processo é natural! O quanto essa experiência vai influenciar na vida da criança depende muito da forma como se lida com ela.
Como exemplo, vamos imaginar uma criança que não quer dormir sozinha no seu quarto por ter medo de escuro. Essa criança começa a chorar e se desesperar sempre que seus pais apagam a luz do seu quarto. Ao fazer isso, os pais ficam assustados e preocupados e acabam levando o filho pra dormir no quarto deles. No quarto dos pais, a criança se sente protegida e consegue pegar no sono.
Um ciclo assim pode fazer com que o “medo de escuro” se fortaleça e até se generalize para outras situações e ambientes mais escuros. Ignorar esse medo, por acreditar que é só uma fase e todas as crianças passam por ela, não vai ajudar!
Numa situação de medo, há algumas ações que podem ajudar os pequenos:
Quando a criança demonstra medo, seja por atitudes ou verbalizações, sempre devemos validar esse medo. Ou seja, nunca diga que “é besteira” ou que “não tem porque” sentir medo disso ou daquilo. Uma forma bacana de se lidar com um relato de medo é dizer algo parecido com isso: “ter medo é algo muito chato, né? Eu entendo como você deve sofrer quando o medo vem, quando eu era pequena eu também sentia muito medo”.
Outra maneira de ajudar é evitar ensinar sobre “fugir” do medo. O exemplo dos pais que levam a criança para o seu quarto é um exemplo de fuga. Sempre que possível, precisamos ajudar a criança a enfrentar o medo.
A criança precisa sentir que tem apoio de um adulto que estará lá para protegê-la quando o medo aparecer, mas que também vai ensiná-la a lidar com o medo sozinha quando ele não estiver presente.
Crie estratégias de enfrentamento progressivo junto com a criança. Se o medo for do escuro, é melhor que os pais fiquem no quarto da criança até ela pegar no sono do que levá-la para outro ambiente. Em seguida, vocês podem combinar de dormirem com ambas as portas abertas, com uma luminária ligada, colocar um “super-herói” de pelúcia pra dormir junto. Aos poucos, você pode ir estimulando a criança a fazer esses enfrentamentos cada vez de forma mais independente.
O mais importante é ensinar a elas que a melhor forma de vencer o medo é enfrentando ele! E que cada vez que enfrentamos ele, sem fugir, mesmo que um pouquinho de cada vez, o medo vai ficando cada vez mais pequenininho, até não aparecer mais.
Algumas situações que apresentam um comprometimento maior na vida da criança, como se recusar a ir pra escola, deixar de sair na rua por medo de encontrar um cachorro, não ir com nenhum outro adulto que não seja pai ou mãe, são exemplos que merecem uma atenção especial.
No ambiente clínico, é realizada uma investigação detalhada para entender de que forma determinado medo passou a fazer parte da vida da criança. Em seguida, são planejadas estratégias de enfrentamento gradual que são colocadas em prática no ambiente clínico e, muitas vezes, em casa ou na escola, com a participação de adultos influentes na vida da criança.
“O bom dinossauro” – Um dos filmes infantis mais emocionantes que eu já vi. Ilustra muito bem como o personagem principal é exposto aos seus maiores medos e vai ganhando força ao enfrentá-los.
“It – a coisa” – Esse é uma indicação apenas para adultos! Traz uma metáfora super interessante sobre o enfrentamento do medo e que pode nos dar uma base para conversar com as crianças. Se você gosta de terror e suspense, precisa ver!
Bora enfrentar nossos medos!
Beijinhos
Psicóloga Nadia Favretto