Não posso bater, não posso colocar de castigo. Quando fizer algo errado, faço o que?

16.06.21

Trarei aqui uma perspectiva que não é minha, mas  que baseia toda a minha compreensão sobre comportamento e consequentemente minha atuação clínica. 

Não posso bater, não posso colocar de castigo. Quando fizer algo errado, faço o que?

Queria conseguir responder brevemente, mas o comportamento humano é muito complexo para me permitir isso. De qualquer forma, vou tentar resumir ao máximo e me colocar à disposição para esclarecer dúvidas. 

Quando meu filho faz algo errado, eu preciso ENTENDER o motivo do comportamento para, a partir daí, lidar com ele e ensinar a criança a agir diferente em um outro momento

Sinto muito por não trazer uma receita de bolo! Mas tenho percebido que os bolos têm  derramado ao assar e o trabalho para limpar tem sido muito maior. 

Por isso, se aprendermos um pouquinho sobre comportamento teremos condições de lidar com muitos outros desafios e essa aprendizagem que vai se generalizando a longo prazo, pode trazer  resultados muito gratificantes. 

Para ENTENDER precisamos observar, observar e observar…

Exemplo:

Você manda seu filho escovar os dentes, ele está envolvido em outra tarefa e fala “mais pouquinho, depois eu vou” e você deixa que fique mais um pouco.

Interações assim podem aparecer com certa frequência e em outros contextos em que você demande algo do seu filho.

Pode ser que em alguns dias você esteja mais cansado e tire seu filho da atividade de forma mais abrupta. Ou ainda, que em outro momento seu filho comece a responder “não vou agora!” te desafiando. Ou pior, pode ser que em outro dia ele comece a gritar e jogar objetos falando que não vai…

Você pode achar que eu estou exagerando. E sim, estou exagerando! Estou descrevendo um comportamento que começa com “daqui a pouco eu vou” e evolui para jogar objetos ou até agredir alguém fisicamente. Mas certamente você já viu ou ouviu falar de casos assim, né?

Se olharmos apenas para o trecho em que a criança chora, grita e joga objetos e optamos por apenas abraçá-la, o que você acha que vai acontecer?A criança, desse exemplo, precisa de muito mais que um abraço.  Para ajudá-la, você vai precisar modificar muitas coisas na sua interação com ela.

Pode ser preciso dar mais atenção quando ela aceitar bem o pedido de guardar os brinquedos, ou ainda, estar mais presente em brincadeiras, diminuir regras, construir confiança, aprender a dizer “não”, ou até ensiná-la a resolver problemas…

Mas e diante de muitas recusas, o que fazer? Pode ser necessário cuidado com elogios . Se ele gritar alto te desafiando? Pode ser que a melhor alternativa seja ignorá-lo. E se o combinado foi que teria horário para parar de jogar vídeo game e a consequência definida foi que no dia seguinte ficaria sem jogar video game esse combinado vai precisar ser cumprido. E pode ter muito efeito! Limites podem ensinar muito para a criança.

Mas isso não é punir? não é castigar?

Acredito que seria importante definir bem esses termos. 

Para a Análise do Comportamento que é a ciência que me respalda,  existem muitos estudos que justificam  intervenções, chamamos alguns dos processos descritos aqui como “consequência”, “extinção de comportamento”, “punição” e “reforço”.

De qualquer forma, a resposta para a pergunta “O que fazer quando meu  filho faz algo errado?” envolve compreender  o comportamento, olhar para todo o contexto que pode influenciando esse comportamento e agir a partir dessa aprendizagem. São inúmeras as possibilidades de ação que permitem a criança APRENDER a partir das experiências.

Devemos priorizar sempre o ensino de comportamentos adequados às crianças a punir os errados.

Este texto cheio de “pode ser”,  “se”, “voce pode” tem a intenção de fazer você se fazer perguntar e ampliar a sua observação. Tenha um olhar individualizado, uma busca por conhecimento embasado cientificamente e atitudes adequadas a cada criança e os resultados serão os melhores possíveis.

Beijos

Psicóloga Nadia

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