Crianças em casa, sem escola, sem poder sair para encontrar com amiguinhos por conta da pandemia, acabam ficando entediadas e exigem maior atenção dos pais. Os pais, por sua vez, tem muitos afazeres e não conseguem dar a atenção que as crianças exigem. As consequências disso é que os nervos de todos acabam ficando à flor da pele e os conflitos aumentam.
Para entendermos melhor os motivos relacionados à birra precisamos nos fazer perguntas como: será que ele pode estar com fome ou sono? será que é por não querer cumprir uma tarefa? será que a maneira com que os pais cobram a tarefa não está funcionando?
Precisamos levar em conta que, com a quarentena, alguns comportamentos estão mais intensos por estarem angustiadas e ansiosos com toda essa mudança de rotina. Uma flexibilidade com relação à algumas regras pode ajudar nesse período. Outra questão muito relevante que pode estar contribuindo para um aumento da birra e até de ansiedade é o tempo que as crianças estão ficando em frente às telas. Computadores, tvs, celulares, tablets e videogames, quanto utilizados pelas crianças em demasia causam diversos efeitos nocivos.
Crianças pequenas estão descobrindo o mundo, então elas querem mexer e explorar tudo que podem, ainda mais que elas estão conquistando um pouco mais de independência com o engatinhar e caminhar. É preciso muito cuidado nessa fase, pois elas precisam de limites para a própria segurança.
Quando as crianças pequenas começam a chorar ou demonstrar irritabilidade de alguma forma, precisamos nos perguntar se esses comportamentos podem ter relação com a dificuldade dela em ser compreendida, ou por ela estar se sentindo frustrada em não poder explorar sua “liberdade”.
Nesse caso, podemos acolher o sentimento da criança dizendo “eu entendi que você está chorando por eu ter tirado você da escada” e redirecionar ela para outra atividade: “mas eu estou com muita vontade de brincar e boneca com você”.
Alguns pais acham que umas palmadas vão resolver o problema, e essa impressão se dá porque, de fato, cessa a birra imediatamente. Mas será que funciona à longo prazo? e as consequências?
Muito estudos já comprovaram que palmadas não são efetivas, pois a criança não aprende com elas, pode começar a ficar agressiva e influencia na qualidade do vínculo entre pais e filhos.
Procure manter a calma, tentando entender a vontade dela e acalmando-a. Nessa fase é tudo muito novo, então procure ser compreensiva.
Como vocês colocam limites e estabelecem consequências? Pense um pouco na resposta para essa pergunta…
Limites são muito importantes para o desenvolvimento de toda criança. Crianças que tem limites, se sentem mais seguras. Mas os limites precisam seguir critérios como ser claros e razoáveis para a criança. Não adianta proibir, uma vez que a criança já tinha contato com o videogame 5h por dia, que ela deixe de jogar de uma hora para outra.
Podemos pensar nos limites e em como colocá-los analisando um contexto que está sendo muito comum na maioria das famílias atualmente: Crianças pedindo atenção e pais não conseguindo dar.
Estabelecer uma rotina, de forma que vocês tenham um ou dois momentos de brincadeira por dia, onde você vai estar inteiramente disponível para a criança, pode ajudar MUITO!
Definam qual vai ser essa hora do dia, e CUMPRA. Não vale marcar uma reunião na hora da brincadeira. E se mesmo houver um imprevisto e não conseguir cumprir o seu combinado, peça desculpas explicando o imprevisto e combinem um novo horário.
Este modelo de consistência e de responsabilidade será um grande aprendizado para seu filho.
Se foi a criança quem não cumpriu o combinado de desligar o videogame no horário que vocês definiram previamente, que tal deixá-lo sem videogame no dia seguinte?
Vocês definem a regra: 2h de videogame por dia,
e combinam a consequência caso a regra seja descumprida: Reclamou em sair ou se recusou a sair do videogame no horário, então ficará sem o jogo no dia seguinte.
Nós vivemos em uma sociedade que tem regras! se não ensinarmos à criança a importância de seguir regras na infância, quando ela crescer provavelmente terá dificuldades em respeitá-las e também terá dificuldades no relacionamento com outras pessoas.
Se os problemas da convivência estão afetando muito, que tal uma reunião de família para rever as regras e juntos definir consequências para os comportamentos? Cuidado com “via de mão única”. Nesta reunião é muito importante ouvir a criança e deixar que ela participe ativamente.
E como ter paciência e persistência sendo que nós, adultos estamos também muito abalados com o cenário que estamos vivendo? Difícil não é?
Não exija muito de você, devemos levar em conta que fomos pegos despreparados e não sabemos como lidar com as consequências repentinas desta pandemia. Aceitar que as coisas estão diferentes e não se culpar tanto e também não cobrar tanto das crianças é o melhor caminho.
A partir daí, será mais fácil eleger prioridades e lidar de forma eficiente com as birras e com outras dificuldades que podem estar incomodando.
Gostou das dicas? Assine nossa newsletter, e receba no seu e-mail nossos próximos artigos.
Até breve,
Psicóloga Nadia